O que mais me encanta no
povo saharaui é que eles não são vítimas. Nestes 45 anos de luta contra a
invasão marroquina de seus territórios, eles são heróis que resistem a uma
potência que não dispõe de magia e crença na liberdade, que é o que move os
saharauis. Foi assim, conquistado por esta aura fantástica saharaui que passei também
a me mobilizar por sua Causa. Meu livro, “Semente da Primavera – a Revolta
Saharaui que inspirou o Mundo Árabe” foi meu maior feito em solidariedade a
eles. Minha página Solidariedade Brasil-Rasd, meu blog e página também no
Facebook para divulgar esta causa, tiveram início em 2012, quando aconteceu meu
primeiro encontro com a cultura, a arte e a determinação deste povo encantado,
chamado de “filhos das nuvens” (porque nos tempos nômades, seguiam as nuvens
das chuvas pelo deserto, para plantar e cuidar de seus animais) .Lancei o “Semente”
em 2015, quando a luta deste povo completou 40 anos. Este ano, em plena
pandemia, ao chegar aos 45 anos de luta, Marrocos desrespeitou a soberania do
território saharaui mais uma vez e neste momento uma guerra acontece na região de
Guerguerati, sem que o mundo dê a devida atenção e apoio aos saharauis.
É neste momento de guerra que este texto vem como instrumento solidário, junto às entidades diplomáticas e órgãos de defesa dos direitos humanos de todo o mundo que se manifestaram nestes últimos dias contra a nova agressão do rei do Marrocos contra o povo saharaui. Tenho mantido contato com meus irmãozinhos saharauis, ciente de sua resistência sempre heroica por seus ideais de uma República Árabe Saharaui Democrática ( Rasd ) livre e independente. Aqui no Brasil, as manifestações de apoio aos saharauis e repúdio ao rei do Marrocos ficam por conta de entidades representativas como a CUT - Central Única dos Trabalhadores; ASAARAUI – Associação de Solidariedade e pela Autodeterminação do Povo Saaraui; MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra.
Além dos defensores dos direitos humanos ligados à Causa Saharaui como Rodrigo Duque Estrada, Renatho Costa (produtores do documentário “Um fio de esperança”
- https://www.youtube.com/watch?v=KY1bfcnG3Js&feature=youtu.be&fbclid=IwAR3JOf9pPuHGsWr8fnVuOW7Hdle4zujZT7lwV5ttkhhYsQZ6e750m-GSv2Y
); Laura Daudén (Projeto –
Nem Paz nem Guerra – Três décadas de conflito no Saara Ocidental - https://www.youtube.com/watch?v=YjtZ6Nzpcqc
//// Site: www.nempaznemguerra.com), entre
tantos outros realizadores que lutam juntos com os saharauis na divulgação das atrocidades
marroquinas contra um povo de paz, numa resistência que muitos, infelizmente,
ainda desconhecem.
Por outro lado, decepcionante,
surge a diplomacia brasileira, outra vez. A ajuda humanitária anual aos
saharauis, não passam de mea culpa pelo descaso brasileiro diante dos crimes do
Marrocos. O Exército Brasileiro faz parte da Força de Paz da ONU, a MINURSO –
Missão das Nações Unidas para Referendo do Sahara Ocidental. Uma Força de Paz
que não reprime os crimes contra os saharauis, que não supervisionam e cessam
os desrespeitos aos direitos humanos e muito menos se pronuncia contra a
guerra. O Itamaraty, no Brasil, segue o mesmo silêncio diplomático desrespeitoso.
Em contato com a Embaixada Brasileira na Argélia (onde ficam os campos de refugiados
saharauis – os mais antigos do mundo), a resposta foi a de que, pelo Brasil,
quem acompanha os acontecimentos da guerra irresponsável e criminosa sãos nossos
diplomatas em Rabat, capital do Marrocos. Falando com a Embaixada Brasileira no
Marrocos, a resposta é a de que quem pode falar algo sobre o assunto (fazer
parte de uma Força de Paz que não consegue evitar uma guerra e nem mediar o conflito)
é o Itamaraty, em Brasília. Mas o que ecoa há duas semanas, vindo do Planalto
Central do Brasil, é o silêncio.
A diplomacia brasileira do silêncio já por mim muito conhecida. Por causa dela, nosso país não reconhece a República Saharaui. Por causa dela, empresas brasileiras compram alimentos e insumos para o agronegócio, que são roubados desde sempre dos territórios saharauis pelo Marrocos e vendidos para os brasileiros como se fossem deles.
Este texto é nossa
resposta ao Itamaraty. Órgão diplomata brasileiro não nos respondeu até o momento
sobre a posição do meu país neste conflito. Não respondeu como estão nossos
militares em meio à guerra, entre tantas outras questões pertinentes, como a
questão comercial que perdura há anos, entre o roubo do Marrocos e os receptadores
brasileiros destes produtos roubados (afinal é isso que diz nossa lei em relação
a quem compra produto roubado).
Só tem uma coisa que o silêncio
diplomático brasileiro não cala: a nossa voz. A voz dos brasileiros que
defendem vítimas e não os agressores, como faz a diplomacia brasileira na
questão do Sahara Ocidental.
Em contato com Mohamed Zrug, Mohamed Ray e Embourik Ahmed a espectativa de uma posição é algo muito importante. Os três já estiveram no Brasil como representantes diplomáticos saharauis para o Brasil e ainda aguardam um posição positiva para que o Brasi reconheça a República Árabe Saharaui Democrática e, neste momento, que se posicione diante de mais esse rompimento do cessar-fogo e do Projeto de Paz para o Sahara Ocidental.
Por um Sahara Livre!
https://porunsaharalibre.org/2020/11/21/forcas-de-ocupacao-marroquina-temem-os-saharauis/?lang=pt-pt
https://psol50.org.br/psol-repudia-os-ataques-covardes-da-monarquia-de-marrocos/
Nem Paz nem Guerra
https://www.youtube.com/watch?v=YjtZ6Nzpcqc
Um fio de Esperança - Rodrigo Duque Estrada e Renatho Costa
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