terça-feira, 25 de agosto de 2020

República Saharaui avança para a independência e soberania!

 


 




A República Árabe Saharaui Democrática (RASD) inicia ações para sua reconstrução no ano que em que completa 45 anos de luta contra a invasão marroquina de seus territórios. Solitária, sem apoio ou destaque no noticiário internacional, os saharauis contam com mais de 80 países que reconhecem a RASD e seu direito de autonomia sobre o Sahara Ocidental. Numa decisão histórica, anunciada por Brahim Ghali, presidente da RASD e Secretario Geral da Frente Polisario, o representante saharaui acredita que o início do repovoamento e construção da infraestrutura necessária para a parte libertada do país saharaui seja a consolidação da soberania dos saharauis sobre o seu território. 

Parte do Sahara livre, até agora pouco povoada, se estende desde a Argélia à Mauritânia e ao longo do muro militar de separação construído por Marrocos que forma uma barreira de acesso aos territórios ocupados. A decisão é considerada impactante e deve dar os novos rumos ao conflito no Sahara Ocidental. Alimenta esperanças do ressurgimento pungente do país, uma vez que os territórios libertados têm acesso ao Oceano Atlântico, região rica para a pesca, e abre caminhos para reabertura de outras atividades econômicas.


Além de proporcionar a retomada das relações comerciais com o mundo, a iniciativa da RASD promove também uma mudança demográfica com a reocupação do país. Cerca de 15 organizações não governamentais, em sua maioria espanholas, já declaram apoio a este projeto.


Vale lembrar que Espanha e Sahara Ocidental tem ligações históricas. Na verdade, O Rei espanhol tem uma dívida histórica com o povo saharaui. Após um século de colonização (o povo saharaui é o único povo árabe que tem como segunda língua o espanhol), a Espanha dividiu e entregou o Sahara Ocidental para o Marrocos e para a Mauritânia, deixando os saharauis sem pátria. Numa guerra contra os dois países beneficiados pela Espanha, os saharauis reconquistaram a parte ocupada pela Mauritânia e esta área é que será repovoada e palco para a reconstrução do país, a República Árabe Saharaui Democrática (RASD).


Esta reocupação promete ser rápida e já conta com a visita de uma grande comitiva comandada por Salem Lebsir, ministro saharaui para a reconstrução e repovoamento das zonas libertadas. Para Lebsir, a presença saharaui nas regiões livres “é valiosa e um desafio a todas as dificuldades e ambições do inimigo (Marrocos). Isto obriga-nos a dar passos decisivos e a tomar iniciativas na reconstrução de outras regiões do Estado saharaui”.

A medida faz parte das recomendações apresentadas e aprovadas no XV congresso da Frente Polisario, ocorrido em Dezembro de 2019.

A capital provisória da RASD é Bir Lehlu, uma vez que a capital do Sahara Ocidental a cidade El Aaiun se encontra sob ocupação marroquina desde 1975. Foi em Bir Lehlu que se iniciaram uma serie de reuniões com os responsáveis dos municípios e militares para avaliar as necessidades, estabelecer prioridades e recolher propostas.

Em conversa com Mohamed Zrug, que já foi representante saharaui no Brasil e atualmente é delegado da Frente Polisario em Andaluzia, na Espanha, perguntamos se não haveria o perigo de um novo clima de tensão na região. Segundo ele, "não há esse risco. A ONU não tem designado nenhum enviado Especial para acompanhar a região e não interessa aos invasores marroquinos que haja qualquer indicação". Ainda, na sua opinião, “esta é outra forma de resistência, um compromisso de construir o futuro na parte libertada do nosso país, de norte a sul. É uma abordagem, uma saída que todos devem apoiar, porque significa que os saharauis olham para o futuro, têm esperança na liberdade. É uma aposta de paz. ”

Os saharauis acreditam que Marrocos já tenha esgotado todas as suas cartadas para adiar o processo que prevê a realização do Referendo de Autodeterminação do Sahara Ocidental, por isso preferem não ter que negociar com nenhum representante da ONU, o que os fará aceitar as decisões saharauis sem poder apresentar qualquer reclamação aos órgãos internacionais.

Para a agência espanhola EFE, Zrug revelou que a decisão pretende consolidar a soberania saharaui nos territórios, ampliando a presença administrativa da RASD, e apresentar esforços concretos na melhoria dos serviços sociais para a população nos territórios libertados. 

Ao site “porunsaharalibre.org” Zrug afirmou que “este plano tem uma leitura política clara. De ressaltar que existe um bloqueio externo que se opõe a uma solução justa e lícita para a conflito saharaui e que existe um claro conluio de certos países com a Política marroquina de ignorar a solução. Os saharauis têm o direito de apostar em soluções que não ponham em risco o seu futuro “, disse ele.


A RASD é reconhecida por mais de 80 países, além de ser membro fundador da União Africana. A Frente Polisario, movimento de libertação nacional saharaui é o representante legitimo do povo saharaui nas Nações Unidas. Ao decidirem desta forma consolidar as fronteiras e se fazer presente nos territórios libertados desperta uma nova e potente investida na discussão das questões politicas.


A decisão saharaui visa impossibilitar a construção ilegal de uma via férrea que iria até aos territórios libertados, na zona tampão de El Guergarat e perto de La Guera, anunciada por Marrocos. A tomada de decisão saharaui combate e impede a concretização da ideia marroquina que ia de forma contrária a todas as determinações do Direito Internacional.

A ampliação da presença da RASD nos territórios libertados reforça a infraestrutura na região, dá um novo olhar por parte da comunidade internacional sobre o conflito e aplica um duro golpe ao narcotráfico marroquino que se intensificou na região, nos últimos anos, atravessando os territórios libertados e a zona tampão. O território agora passa a ter maior vigilância e combate mais efetivo aos traficantes, certamente, aumentado as apreensões e a destruição das drogas por parte das autoridades saharauis.





Fontes: 

https://porunsaharalibre.org/2020/08/25/novo-impulso-no-conflito-do-sahara-ocidental-reconstrucao-e-repovoamento-das-zonas-libertadas/?lang=pt-pt

  

https://www.jornaltornado.pt/reconstrucao-e-repovoame


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