domingo, 12 de julho de 2020

Sem Caminhos para Gaza: A violência do Egito contra pesquisadores brasileiros que seguiam para Gaza






Uma missão acadêmica proibida de entrar em Gaza pelo Egito, mesmo com todas as autorizações consulares e protocolos concedidos pela Embaixada do Egito aqui no Brasil. O grupo foi vítima da violência e terrorismo militar promovido pelo próprio Regime do presidente egípcio Abdel Fattah Al-Sisi. Um país árabe que usa a desculpa do combate ao terror para apoiar Israel, mesmo contra seus próprios irmãos árabes palestinos. O grupo formado por três pesquisadores brasileiros, da Universidade Federal do Pampa e Universidade Federal de Pelotas, ambas no Rio Grande do Sul, pretendiam fazer um documentário em Gaza. Eles são estudiosos do Mundo Árabe e iniciaram as tratativas para chegar a Gaza, contando inclusive com uma parceria acadêmica com a Universidade Islâmica Palestina. Inicialmente, os brasileiros pretendiam fazer a viagem por Israel que, entretanto, exigiu acompanhamento diplomático brasileiro para garantir segurança ao grupo (a Embaixada Brasileira em Israel disse não ter este aparato para acompanhar a equipe). O obstáculo os fez então optar pela travessia da Península do Sinal, pelo Egito, para conseguirem chegar em Gaza, na Palestina. Só existem estes dois caminhos atualmente para se chegar em Gaza, diante dos bloqueios impostos pelos Estados Unidos e Israel a região. 

O grupo foi autorizado a viajar. Iriam, finalmente, conseguir atravessar a fronteira do Egito com a Palestina para mostrar como vivem os palestinos, em meio à luta pela desocupação de parte seus territórios e para denunciar mais uma vez ao mundo as violações dos direitos humanos cometidos por Israel naquela região de conflitos. Os que os pesquisadores não sabiam, entretanto, é que toda a documentação fornecida pela Embaixada do Egito aqui no Brasil seria ignorada pelos militares egípcios, sob ordens do Serviço Secreto do Egito, o que colocou em risco a vida dos pesquisadores e a realização do documentário acadêmico sobre os palestinos. As situações de violência e bloqueio egípcios ao trabalho dos pesquisadores se transformou num livro publicado recentemente em Londres, por enquanto apenas em inglês, sob o título ”No way to Gaza" - Sem caminhos para Gaza. 

Nesta "live" realizada pelo Instituo Brasil Palestina (Ibraspal), os pesquisadores contam mais detalhes desta missão acadêmica interrompida. A primeira ideia era chegar em Gaza por Israel. Cruzar Erez, controlada por Israel, próximo à fronteira norte de Israel com Gaza, que permite a passagem de jornalistas e organizações humanitárias credenciadas. O que era para ser apenas a concretização de um trabalho de pesquisa se tornou uma aventura perigosa e reveladora sobre a ditadura de Abdel Fattah Al-Sisi e sua controversa guerra ao terror no país. Pela Península do Sinai, o grupo de brasileiros relata sua própria experiência e a história dos palestinos que se arriscam para sair da Faixa de Gaza, até mesmo para irem a um médico ou comprar alimentos, ou para palestinos que estão fora do país e querem voltar à sua terra natal. 

O livro expõe um Egito que, depois que a semente de seu primeiro experimento democrático foi semeada em 2011, enterrou as vozes de esperança da Praça Tahrir, tornando distantes os sonhos vividos durante os dias da Revolução do Lótus, como chamaram os protestos egípcios da Primavera Árabe.

Aproveitamos para parabenizar os pesquisadores e professores Renatho Costa, Rodrigo Duque Estrada Campos e Lucas Bonatto Dias por serem realizadores, por denunciarem ao mundo o que acontece naquela, e sugerimos que você assista a "live" do Ibraspal, no link abaixo, mediada por Sayid Ahmad, onde os autores do livro contam os momento em que foram vítimas da violência do Exército do Egito contra os palestinos e que eles viveram como estrangeiros por vinte dias. Uma denúncia de que além de Israel, Egito também agride os direitos humanos palestinos que vivem em Gaza ou que tentam voltar pra casa, vindos do exterior.


Live: NO WAY TO GAZA - SEM CAMINHOS PARA GAZA








Link para o livro, versão em inglês:




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