quinta-feira, 26 de março de 2020

Secretaria de Saúde fala sobre a suspeita de Covid-19 no Hospital de Ferraz





Quase 48 horas depois das denúncias de suspeitas de que o Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos - Osíris Florindo Coelho, na Grande São Paulo, pode ser um foco do COVID-19, a única resposta que obtivemos da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo (SES) foi uma nota, encaminhada na quarta-feira (25/03), 24 horas após nossa solicitação, e que consideramos incompleta, sem todas as respostas necessárias. Reenviamos nossa solicitação por maiores detalhes e, nesta quinta-feira pela manhã, recebemos uma ligação da Assessoria de Imprensa do órgão (ouça a conversa completa no áudio abaixo). Apesar de uma nota com respostas que consideramos incompletas, o texto enviado pela Assessoria do órgão é veemente, se inicia com a frase: "a denúncia não procede". Em sua íntegra, o comunicado da Secretaria garante que a unidade hospitalar atende a todos os protocolos definidos pelo Ministério da Saúde e desmente que funcionários do Hospital Regional não tenham Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Diz ainda que todos os funcionários que pediram licenças, principalmente por gripes, foram avaliados e encaminhados para a Medicina do Trabalho. 

A NOTA DA SECRETARIA DE SAÚDE

Num texto sucinto, o comunicado assinado pela Assessoria de Imprensa da SES diz o seguinte:


"A denúncia não procede. O Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos (HRFV) possui estoque de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e nenhum pedido de licença foi negado a funcionários. Todo profissional que eventualmente apresenta sintomas é encaminhado à Medicina do Trabalho para as devidas avaliações e encaminhamentos. A unidade vem seguindo todos os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS) para prevenir o COVID-19."


O texto não responde sobre os três óbitos de bebês no berçário do Hospital Regional, em tão pouco espaço de tempo, sob circunstâncias ainda suspeitas, e que apresentam características parecidas com os sintomas do Coronavírus. A nota também não cita os procedimentos adotados em relação aos enfermeiros e médicos que tiveram contatos com estes bebês, ou sobre os cuidados de higienização do berçário após a primeira morte suspeita.





NOVAS INFORMAÇÕES

Na noite desta quarta-feira, o Blog do Marroquino retornou ao Hospital para repercutir a resposta da Secretaria e buscar novos depoimentos de funcionários, cujas identidades seguem mantidas em sigilo, por medo de represálias, numa tentativa de esclarecer algumas dúvidas. Neste retorno, funcionários confirmaram que até o dia 15/03, data da internação da primeira criança diagnosticada com pneumonia, transferida de Mogi das Cruzes, enfermeiros e demais funcionários ainda não tinham EPIs disponíveis. Segundo eles, o Hospital alegava ter solicitado, mas não tinha sido entregue. Coincidência ou não, no dia seguinte, após os exames feitos na criança, e que revelaram um quadro infeccioso nos pulmões mais grave que uma simples pneumonia, os equipamentos chegaram. Portanto, como afirma a nota da Secretaria de Saúde, hoje todos os funcionários possuem os EPIs. O que ela não cita é que o estoque foi reposto apenas no dia seguinte à recepção deste primeiro bebê com graves dificuldades respiratórias. A recepção do bebê transferido de Mogi foi feita por profissionais sem os equipamentos de proteção necessários, garantem os funcionários.

Nos dias seguintes, quando vieram a óbito as três crianças, entre os dias 18 e 24/03, data da nossa denúncia, os profissionais já estavam devidamente paramentados e supostamente protegidos. Outra informação importante obtida pelo Blog é a de que os profissionais do hospital, que tiveram contato direto com os bebês que faleceram, ainda aguardam o resultado de exames que possam confirmar a causa morte dos bebês e, consequentemente, terem também a certeza de que não estão infectados. O que confirma a denúncia que publicamos e mantém as dúvidas sobre a atual situação de vulnerabilidade infectológica do Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos. Além das dependências hospitalares, sem saber se o bebê estava ou não infectado pelo COVID-19, permanecem as dúvidas sobre as mortes dos outros bebês e quais os cuidados com os profissionais que mantiveram contato com as crianças para saberem se estão ou não infectados. A nota da Secretaria de Saúde não esclarece sobre os exames solicitados para verificação do quadro clínico destas crianças que morreram no hospital.

Funcionários afirmam que os resultados para estes exames solicitados nos corpos dos três bebês que morreram no berçário do hospital, normalmente, demoram de 7 a 10 dias para ficarem prontos. Até estes resultados, eles continuam convivendo com preocupações e dúvidas se estão infectados e se estão colocando outras pessoas em risco, inclusive familiares. 
Nesta quarta-feira, o Blog do Marroquino buscou informações nas funerárias próximas ao hospital, que atendem famílias e realizam os procedimentos para sepultamento. Apenas uma delas aceitou falar sobre o assunto, desde que sob anonimato. O funcionário confirmou ter atendido a família de um dos bebês, neste período. Entretanto, no documento que atesta a "Causa Mortis" da criança ele diz que apresentava apenas a informação de "óbito por Causas Naturais", sem definir uma enfermidade. Mortes que os funcionários garantem terem ocorrido por complicações de uma forte pneumonia que levaram os bebês a uma parada respiratória, mesmo estando intubadas ( ou entubadas ).



PERGUNTAS SEM RESPOSTAS

Para obter maiores esclarecimentos da Secretaria de Saúde, o Blog encaminhou perguntas sobre a questão dos EPIs e outras dúvidas:

- Sob quais circunstâncias morreram os três bebês no berçário do Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos? 

- De acordo com os funcionários, os profissionais do Hospital Regional que compõem sua Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH ) solicitou exames ao Instituto Adolfo Lutz para saber se bebês foram vítimas do COVID-19. Já existe uma data para entrega destes resultados? 

- Por que os funcionários estavam expostos ao COVID-19, sem os equipamentos obrigatórios, os chamados EPIs, Equipamentos de Proteção Individual, até aquele 15 de março, quando já existia o alerta da pandemia?

A possibilidade resposta ao Blog veio na manhã desta quinta-feira (26/03), com a uma ligação de um assessor de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Porém, em vez de respostas, ele pediu informações e manteve a nota encaminhada anteriormente  como única resposta a ser dada à população sobre as preocupações levantadas pela denúncia publicada.



ÁUDIO COM A SECRETARIA DE SAÚDE

Ouça a conversa entre o jornalista do Blog do Marroquino e o assessor de imprensa da Secretaria de Saúde:











Diante deste posicionamento, de solicitar nome e data de nascimento das vítimas suspeitas de COVID-19 no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos, não responder sobre a questão da falta ou não de EPIs para os funcionários do Hospital na data da primeira internação, e nem mesmo responder sobre as demais questões relativas a higienização hospitalar após as mortes, outros levantamentos continuam a ser feitos pelo Blog do Marroquino até que todas as respostas sejam devidamente dadas pelos órgãos competentes.



IMPORTANTE

Veja também a matéria anterior:

https://navegadormarroquino.blogspot.com/2020/03/exclusivo-hospital-da-grande-sp-pode.html


E acompanhe também uma entrevista feita por celular com o diretor do Hospital, Dr. Luiz Antonio, pela TV Cenário, da própria cidade de Ferraz de Vasconcelos. O diretor, que no final da tarde foi autorizado pela Secretaria a falar sobre o caso, dá explicações, mas reforça todas as informações dadas na nossa matéria publicada anteriormente. Vamos tentar contato com ele nesta sexta-feira para saber se agora ele pode nos atender e dar novos esclarecimentos para tranquilizar a população e seus funcionários.

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=2834666853282046&id=1660900050796782&refid=52&__tn__=%2As-R


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