terça-feira, 1 de junho de 2021

Sahara Ocidental derrota Marrocos em Tribunal da Espanha






O rei do Marrocos, Mohamed VI, amargou uma grande derrota hoje no Tribunal Nacional da Espanha, em audiência sobre suas acusações contra o Presidente da República Árabe Saharaui (Rasd), Brahim Ghali, internado desde maio no Hospital San Pedro, em Logroño, na Espanha. Perante o juiz Santiago Pedraz, 
Brahim Ghali negou todos crimes pelos quais é acusado. O rei do Marrocos o considera um inimigo de seu país e o acusa de supostos crimes de guerra, com denúncias de genocídio, tortura, sequestro, homicídio, estupro. Enquanto o rei espalhava o blefe de que o Presidente da Rasd poderia fugir do país e não prestar depoimentos, por medo de ser condenado, Brahim Ghali respondeu, através de seus advogados, que prestaria depoimentos ao Tribunal sem qualquer problema. Após aceitar a convocação e participar hoje por videoconferência, prestando esclarecimentos ao juiz Santiago Pedraz, que analisava o caso, as denúncias foram arquivadas e as acusações marroquinas consideradas improcedentes. Após prestar depoimentos e ser liberado sem qualquer restrição de deixar a Espanha, Brahim Ghali recebeu alta hospital e deixou o San Pedro, em direção ao Sahara Ocidental, num avião do Governo da Argélia. 

Antes da sessão de hoje, o rei tentou de todas as maneiras pressionar as autoridades diplomáticas e a Justiça espanhola apelando para o apoio de outros países árabes. A alegação era a de que o Ministro das Relações Exteriores da Espanha, Arancha González Laya, teria criado uma crise diplomática com o Marrocos, com respaldo do Presidente Pedro Sánchez, ao acolher o Secretário-Geral da Frente Polisário, Brahim Ghali, mesmo que par
a tratamento contra Covid19. Marrocos acusa o Presidente da Rasd de genocídio contra os marroquinos e de entrar na Espanha país escondido sob identidade falsa.

Em retaliação ao acolhimento de Brahim Ghali, o rei do Marrocos é visto como responsável por promover a invasão de 8 mil refugiados africanos, entre eles mais de 2.000 menoresatravés da passagem de fronteira de Tarajal em Ceuta, no enclave espanhol. O rei teria usado as mesmas práticas usadas, em 1975, por seu pai contra os saharauis. Naquele ano, em que os saharauis deflagraram uma guerra que se prolongou por longos 16 anos, reivindicando a desocupação do seu território. Agora, o rei estaria repetindo o que seu pai fez contra os saharauis, facilitando a passagem por seu território marroquino de 8 mil refugiados. Promovendo uma nova ocupação, dessa vez, das duas cidades autônomas espanholas, Ceuta e Melilla. 

Quando o assunto é expansão territorial, o ambicioso rei do Marrocos, que se apresenta como moderno e reformista, demonstra que na verdade não passa de um arcaico colonizador, que usa escudos humanos para concretizar suas ambições. De olho nas duas ilhas do enclave espanhol, assim como fez no Sahara Ocidental, usa até mesmo seus compatriotas para ocupar territórios vizinhos. Na Marcha Verde foram com 350 mil marroquinos usados como massa de manobra, agora foram 8 mil refugiados que ocuparam as ilhas de Ceuta e Melilla. 

Na área diplomática, o rei ainda acusa a Espanha de “criar problemas” e "minar a confiança mútua". Nem mesmo sua busca por apoios de países da Europa e do Mundo Árabe para pressionar a Espanha contra Brahim Ghali e o povo saharaui foram suficientes para evitar a vergonha derrota no tribunal espanhol. A derrota acabou sendo ainda muito maior e se transformou em grande vitória saharaui contra Marrocos porque traz consigo o veredito da União Europeia, que também defende a territorialidade da Espanha sobre as cidades autônomas de Ceuta e Melilla.

PLANO MARROCOS COLONIZADOR

O plano de expansão do rei do Marrocos teve início no ano passado num acordo assinado com Donald Trump, antes deste perder as eleições nos EUA. Com a posse de Joe Biden e, por enquanto, a manutenção do apoio norte-americano, Rabat pretende lançar um plano de autonomia para anexar definitivamente o Sahara Ocidental. Bahren, Emirados Árabes Unidos e Sudão são três aliados que defendem que o rei prossiga seu projeto expansionista de colonização, ocupação e roubo, como já faz no Sahara Ocidental, com o mesmo intuito de anexação das cidades espanholas ao Marrocos.

O Fórum Democrático e Social do Mundo Árabe, composto por partidos políticos de vários países árabes; como Síria, Egito, Somália, Palestina, Líbano, Jordânia e Bahrein, divulgou nota apoiando a ação marroquina, onde diz que “rejeita a política espanhola de separar as duas cidades das suas raízes históricas, culturais e sociais” e emitiu um comunicado dirigido à Espanha e à UE para iniciar negociações que facilitem a recuperação das cidades de Ceuta e Melilla, e acabar com o que consideram uma colonização espanhola. O grupo árabe também apela à União Europeia para que reveja suas políticas no Mediterrâneo, acusando a política europeia de “colonialista” e “baseada na promoção do tráfico de mercadorias, por um lado; e na rejeição da liberdade de movimento e migração, por outro ”.

Numa outra frente, há ainda as relações abaladas entre Marrocos e Alemanha. Apesar de manter uma frente aberta com a Alemanha, os dois países estão com as relações diplomáticas congeladas desde o início de março. E deve permanecer por mais um longo período, visto que, de acordo com fontes da inteligência estrangeira, “a Alemanha está obrigando a Espanha a manter-se firme em sua posição contra o Marrocos e a não baixar a guarda contra as pressões da oposição e de membros de governos anteriores”. Informações consideradas por muitos países como fontes não confiáveis.

Ao longo desta semana, após a entrada dos mais de 8.000 cidadãos marroquinos e de outras nacionalidades africanas em Ceuta e Melilla, vários ex-presidentes e ministros de diferentes partidos políticos espanhóis criticaram em vários meios de comunicação a posição do executivo de Pedro Sánchez perante o país vizinho. Pedem uma posição mais conciliatória, para evitar o rompimento das relações Espanha/Marrocos.

Além de empresários espanhóis, até ministros do atual governo, são beneficiados pelo poderoso lobby pró-marroquino, como acusam o ministro da Agricultura e Pescas, Luís Planas, que daria seu apoio velado a Rabat. Vale lembrar que a pesca e o fosfato que o Marrocos vende para a Europa são produtos roubados dos saharauis. Saqueadas pela ocupação marroquina.


Lobby marroquino traz ao Brasil produtos roubados dos saharauis

 

E por falar em lobby marroquino, aqui no Brasil não é diferente. Desde 2015 foi criado o Grupo Parlamentar Brasil-Marrocos, sob a alegação de promover o aumento do comércio entre os dois países. Vários parlamentares brasileiros já visitaram o Marrocos e conheceram suas belezas turísticas. Na questão comercial, que deveria ser o principal interesse do Brasil e alegação para a criação do Grupo, continua sem demonstrar qualquer benefício aos brasileiros. Ficaram apenas mesmo nas várias viagens dos parlamentares. Num comparativo superficial, a balança comercial entre Marrocos e Brasil, até abril de 2021, aponta um Déficit de US$ – 193,3 milhões, ou seja, importamos mais produtos do Marrocos do que exportamos para o país africano. 

( https://www.fazcomex.com.br/blog/exportacoes-para-marrocos/ )


Dez anos atrás, antes da criação do Grupo Parlamentar Brasil – Marrocos, em 2005, as exportações brasileiras para o Marrocos atingiram US$ 414 milhões e as importações US$ 311 milhões. ( https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=261865 ). 

E o fato ainda mais grave nessas relações comerciais é que, atualmente, além do Brasil importar mais do que exportar para o Marrocos, ainda compramos fosfato e peixe que são roubados dos territórios saharauis invadidos pelo rei do Marrocos. Enquanto o Brasil auxilia no enriquecimento do rei Mohamed VI, visto que a principal exportadora de fosfato para o Brasil é a OCP GROUP, uma estatal marroquina.

Num recente rastreamento das cargas de fosfato roubados dos saharauis que chegaram ao Brasil, ativistas acompanharam o trajeto dos navios até a costa brasileira e, em seguida, rastrearam caminhões de transportadoras em solo nacional. Cerca de 110 mil toneladas de fosfatos roubados dos saharauis foram parar nos armazéns de duas empresas em Cubatão (SP), a 30 km do porto de Santos (SP): a Cesari Fertilizantes (Cefértil), que pertence ao Grupo Cesari, e a Copebras, vinculada ao grupo chinês China Molybdenum (CMOC).


( https://www.brasildefato.com.br/2021/01/28/fertilizantes-produzidos-no-brasil-contem-fosfato-roubado-do-saara-ocidental )



Outras fontes:

https://atalayar.com/en/content/judge-rejects-imposition-precautionary-measures-against-brahim-ghali
 

3 comentários:

  1. Sahara livre.
    Mi amigo como eu posso entrar en contacto com você?

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    1. https://web.facebook.com/blogdomarroquino

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    2. desculpe a demora.....Problemas técnicos me deixaram sem acesso aos comentários por todo este período.

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